RSS

Deficiências

"Deficiente" é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino"

Tenho muito pensado sobre os deficientes. Em alguns blogs, leio sobre despreparo, falta de senso, descaso mesmo com essas pessoas. Aqui no meu prédio moram alguns deficientes. Uma mulher que não tem uma perna, seu marido que não tem um braço. Simpáticos, queridos, fazem tudo que os não deficientes fazem e têm um filho adolescente que é um dos meninos mais educados que já encontrei.O meu prédio é totalmente preparado para ser acessível, com rampas e portas largas. Isso com certeza foi uma das coisas que reparei quando comprei esse apartamento.
O meu bairro, considerado um dos mais "bacanas" de SP, o acesso é quase zero. Lojas com escadas e sem rampas, calçadas esburacadas, portas estreitas... E, sim, uma das maiores metrópolis do mundo que não está preparada para receber cadeirantes e deficientes. Quando estive em NY tomei um susto com a quantidade de deficientes pela rua, achei que estivesse rolando algum congresso, evento direcionado. Quanta burrice, CÉOS, pensamento bem brasileiro que não vê deficiente pelas ruas VIVENDO, porque né?? Eles tem vida, namoram, trabalham....
Acho que quando temos um bebê que anda de carrinho temos uma noção maior disso. Porque vc é um adulto que caminha e "dirige" um acessório que você tem o controle e que consegue desviar, levantar, ir para a rua...Eu que sempre tive essa consciência sobre acessibilidade, "briguei" muitas vezes em lojas em que os clientes atravessavam os seus belíssimos veículos, travando a minha passagem. Chata?? Talvez, mas eu entrava e perguntava de quem era o carro e pedia para tirar porque eu não tinha a obrigação de trafegar na rua com um bebê..Poderia? Sim, mas eu não aguento ficar calada nesse tipo de situação.
A escola que escolhi para o meu filho é uma escola inclusiva. Mas inclusiva MESMO, ela não "aceita" crianças downs e com outras deficiências, elas INCLUEM a criança nas atividades com supervisão específica. Quando o meu filho entrou nessa escola eu sinceramente me senti um pouco receosa, não quanto aos colegas, isso jamais, eu tinha "medo" dele perguntar algo sobre algum colega e eu não saber responder a altura. Deixei a coisa rolar e um dia, ele que me veio com essa afirmação sobe um colega queridíssimo que é down:
"Mãe, às vezes a gente tem que ter um pouco mais de paciência com ele"
Mas ele nunca me falou sobre "diferença" e nem chama os amigos de "especiais". Para o meu filho, "especial" é ele, rs!!! E outro dia, conversando com a prof. dele, descobri que uma das meninas mais danadas da classe, que é down, e pouco mais velha que os colegas, passa cola para uma meia dúzia da classe no ditado, rá!
Enfim, o meu papel de mãe eu acho que faço. Mostro para ele que as diferenças estão aí e tem que ser respeitadas. Japonês, branco, negro, gordinho, cadeirante, down... não importa. A minha parte como cidadã é tentar colaborar com tudo que diz respeito aos direitos dos deficientes e torcer para que haja realmente um futuro melhor para todos. E, ainda sobre o meu filho,  acredito MESMO que ele vai crescer não fazendo diferença. Uma das provas disso, foi outro dia quando encontramos esse vizinho deficiente saindo com o seu cachorro para passear. O meu filho obviamente percebe a "diferença", e quando ele entrou no elevador, eu olhei para ele e percebi que ele queria falar alguma coisa e disse:
"É muito lindo esse cachorro dele, né, mãe??"

beijo

Bianca

1 comentários:

Anônimo disse...

Que fofo seu filho! Impressionante como as crianças lidam com as diferenças melhor que muitos adultos! E essa frase que abre o texto é linda!!!
bj
Rê Senlle
http://umavidamaisordinaria.blogspot.com

Postar um comentário